29 maio, 2011

"Mas não quero resposta, quero ficar só. Gosto muito das pessoas mas essa necessidade voraz que às vezes me vem de me libertar de todos. Enriqueço na solidão: fico inteligente, graciosa, e não esta feia ressentida que me olha do fundo do espelho. Ouço duzentas e noventa e nove vezes o mesmo disco, lembro poesias, dou piruetas, sonho, invento, abro todos os portões e quando vejo a alegria está instalada em mim."

Lygia Fagundes Telles



28 maio, 2011














“Tive medo da sua pressa, que sempre me ofende tanto. Tive medo da sua fidelidade. Você sempre foi muito bom, mas dificilmente me emprestou seu ombro, seu colo, sua mão, seu olhar carinhoso, seu suspiro, seu sono, sua fragilidade. Tive medo de ser só desejo, porque para mim sempre foi mais.”

(Tati Bernardi)

"Como se a gente tivesse obrigação de fazer alguma coisa toda noite. Só porque é sábado.
Essa obsessão urbanóide de aliviar a neurose a qualquer preço nos fins de semana, pode? Tenho vontade de dizer nada, não vou fazer absolutamente nada. Só talvez, mais tarde, se estiver de saco muito cheio, tentar o sucídio com uma-dose-excessiva-de-barbitúricos, uma navalha, um bom bujão de gás ou algo assim. Se você quiser me salvar, esteja a gosto, coração."


(Caio Fernando Abreu)



"Porque você não pode voltar atrás no que vê. Você pode se recusar a ver, o tempo que quiser: até o fim de sua maldita vida, você pode recusar, sem necessidade de rever seus mitos ou movimentar-se de seu lugarzinho confortável. Mas a partir do momento em que você vê, mesmo involuntariamente, você está perdido: as coisas não voltarão a ser mais as mesmas e você próprio já não será o mesmo."



(Caio Fernando Abreu)




"Frágil – você tem tanta vontade de chorar, tanta vontade de ir embora. Para que o protejam, para que sintam falta. Tanta vontade de viajar para bem longe, romper todos os laços, sem deixar endereço. Um dia mandará um cartão-postal de algum lugar improvável. Bali, Madagascar, Sumatra. Escreverá: penso em você. Deve ser bonito, mesmo melancólico, alguém que se foi pensar em você num lugar improvável como esse. Você se comove com o que não acontece, você sente frio e medo. Parado atrás da vidraça, olhando a chuva que, aos poucos começa a passar."

(Caio Fernando Abreu)

27 maio, 2011



"Para me refazer e te refazer volto a meu estado de jardim e sombra, fresca realidade. Mal existo e se existo é com delicado cuidado. Em redor da sombra faz calor de suor abundante. Estou viva. Mas sinto que ainda não alcancei os meus limites, fronteiras com o quê? Sem fronteiras, a aventura da liberdade perigosa. Mas arrisco, vivo arriscando. Estou cheia de acácias balançando amarelas, e eu que mal e mal comecei a minha jornada, começo-a com um senso de tragédia, adivinhando para que oceano perdido vão os meus passos de vida. E doidamente me apodero dos desvãos de mim, meus desvarios me sufocam de tanta beleza. Eu sou antes, eu sou quase, eu sou nunca."

(Clarice Lispector)

“Passei a ocupar meus dias pensando sobre o que,afinal,é isso que todo mundo enche a boca para chamar de amor,como se fosse algo simplificado:defina em meia dúzia de frases,é fácil,querida?
É fácil?Pois a querida não entende como uma palavrinha simples formada por apenas duas vogais e duas consoantes pode absorver um universo de sensações contraditórias, diabólicas,insensatas,incandescentes e intraduzíveis. O que é amor? Já tentei explicar a mim mesma e , por mais que tente, jamais conseguirei atingir a essência dessa anarquia que dispensa palavras.”



(Martha Medeiros)















" Quando na realidade o amor é uma coisa tão simples... Veja-o como uma flor que nasce e morre em seguida por que tem que morrer. Nada de querer guardar a flor dentro de um livro, não existe nada mais triste no mundo do que fingir que há vida onde a vida acabou."

(Lygia Fagundes Telles)


24 maio, 2011



"Tão estranho carregar uma vida inteira no corpo, e ninguém suspeitar dos traumas, das quedas, dos medos, dos choros."


(Caio Fernando Abreu)



" Como se eu estivesse por fora do movimento da vida. A vida rolando por aí feito roda-gigante, com todo mundo dentro, e eu aqui parada, pateta, sentada no bar. Sem fazer nada, como se tivesse desaprendido a linguagem dos outros. A linguagem que eles usam para se comunicar quando rodam assim e assim por diante nessa roda-gigante. Você tem um passe para a roda-gigante, uma senha, um código, sei lá. Você fala qualquer coisa tipo bá, por exemplo, então o cara deixa você entrar, sentar e rodar junto com os outros. Mas eu fico sempre do lado de fora. Aqui parada, sem saber a palavra certa, sem conseguir adivinhar. Olhando de fora, a cara cheia, louca de vontade de estar lá, rodando junto com eles nessa roda idiota - tá me entendendo, garotão? "

(Caio F)
"Não é fome, não é sono, não é falta de tempo, não é dor física, muito menos depressão. Só vontade de me desligar do mundo por alguns segundos."
(Caio F)


"Uma mistura de sentimentos dentro de mim neste momento,
mas vou deixar se sobressair apenas os bons, apenas os que trazem a felicidade."

(Caio F)

23 maio, 2011












Porque é preciso dizer algumas palavras bonitas de vez em quando,ouvir músicas calmas,ler um bom livro,escrever qualquer coisa,valorizar quem te ama e fazer o que faz bem.Deixar um pouco de lado essa dor,que só te consome,te corrói,te mata aos poucos.É preciso escolher caminhos limpos para seguir,pessoas verdadeiras para amar e sair desse estado demasiado nostálgico em que você se encontra e parece que não consegue mais sair,ou não quer,sei lá.
É preciso acordar,ser feliz agora porque o amanhã,ah você sabe,o amanhã pode não chegar.

E os dias vão passando assim,

se arrastando lentamente no espaço.E eu não vou mais fazer nada.E nem quero que me digam que há solução,se é que há.E se há virá por ela mesma,porque uma hora a gente cansa de procurar.
Dias melhores vão vir querida,sempre vêm-Imagino. Enquanto isso bebo meu chocolate quente e respiro a ausência daquele tempo em que eu era feliz,ou satisfeita,ou completa,ou qualquer outra coisa do tipo que se relacione a materialmente e que por acaso eu não sabia.

20 maio, 2011

"Não consigo molhar os pés apenas

eu mergulho e só paro quando me afogo

eu me queimo e só paro quando derreto

eu me jogo e só paro quando me param."

(Martha Medeiros)
"Um, dois e… quando me dou conta, já fui, me joguei
antes de contar até três disse o que não era para ser dito
fiz coisas que não era para ter feito me arrebento rápido, nem dói de tão ligeiro.
Mentira, dói de qualquer jeito."

(Martha Medeiros)


"Só entro em estado de passividade quando não depende mais de mim. E só deixo rolar aquilo que não me interessa mais. O problema é que tudo me interessa."

(Martha Medeiros)
Sumi porque só faço besteira em sua presença, fico mudo
quando deveria verbalizar, digo um absurdo atrás do outro quando melhor seria silenciar, faço brincadeiras de mau gosto e sofro antes, durante e depois de te encontrar.
Sumi porque não há futuro e isso não é o mais difícil de
lidar, pior é não ter presente e o passado ser mais fluido que o ar.
Sumi porque não há o que se possa resgatar, meu sumiço é
covarde mas atento, meio fajuto meio autêntico, sumi porque
sumir é um jogo de paciência, ausentar-se é risco e sapiência,pareço desinteressado, mas sumi para estar para sempre do seu lado, a saudade fará mais por nós dois que nosso amor e sua desajeitada e irrefletida permanência.

(Martha Medeiros)

16 maio, 2011

"Eu estava a ponto de sentar numa daquelas calçadas tortas (...) enterrar a cabeça nas mãos e chorar e chorar pelo tempo perdido, pela falta de sentido, pela minha derrota."

(Caio Fernando Abreu)



"De repente já estou no fim dos 20 e não tenho nada do que as pessoas costumam ter nessa idade. Tenho planos, claro (todo mundo tem). Mas objetivamente estou sem nada aqui à minha frente. O momento futuro é uma incógnita absoluta. Eu não posso pensar ‘não, daqui a um ano eu vou pro campo ou eu caso ou eu me formo ou eu vou à Europa’. Eu não sei. Fico esperando que pinte alguma coisa, naturalmente.
E essa falta de ação me esmaga um pouco."

(Caio Fernando Abreu)

"É difícil me iludir, porque não costumo esperar muito de ninguém. Odeio dois beijinhos, aperto de mão, tumulto, calor, gente burra e quem não sabe mentir direito. Não puxo saco de ninguém, detesto que puxem meu saco também. Não faço amizades por conveniência, não sei rir se não estou achando graça, não atendo o telefone se não estou com vontade de conversar."
(Caio Fernando Abreu)


15 maio, 2011

"Te desejo uma fé enorme, em qualquer coisa, não importa o quê, como aquela fé que a gente teve um dia, me deseja também uma coisa bem bonita, uma coisa qualquer maravilhosa, que me faça acreditar em tudo de novo, que nos faça acreditar em tudo outra vez."

(Caio Fernando Abreu)



"Às vezes minha arrogância não deixa e eu queria me cortar. Ela não deixa e eu queria cortar alguém. Ela não deixa e eu quero pular da janela, dormir meses, tratar alguém mal, pouco me importar, quebrar tudo, fazer algo terrível, nunca mais fazer nada. Ela não deixa e eu passo meu batom e vou disfarçar meu desespero por aí. Minha arrogância não admite, não permite, mas não é nada disso, é só tristeza. Eu estou triste de uma tristeza absurda. Muito triste. Quase não dá pra suportar, mas dá (...)"
(Tati Bernardi)


“Com tanto potencial pra acabar com a minha vida, sabe o que ele quer? Me fazer feliz. Olha que desgraça. O moço quer me fazer feliz. E acabar com a maravilhosa sensação de ser miserável. E tirar de mim a única coisa que sei fazer direito nessa vida que é sofrer. Anos de aprimoramento e ele quer mudar todo o esquema. O moço quer me fazer feliz. Veja se pode.”

(Tati Bernardi)

08 maio, 2011

"E se não quisermos, não pudermos, não soubermos, com palavras, nos dizer um pouco um para o outro, senta ao meu lado assim mesmo. Deixa os nossos olhos se encontrarem vez ou outra até nascer aquele sorriso bom que acontece quando a vida da gente se sente olhada com amor. Senta apenas ao meu lado e deixa o meu silêncio conversar com o seu. Às vezes, a gente nem precisa mesmo de palavras."

(Ana Jácomo)


07 maio, 2011



"Não vou perguntar por que você voltou, acho que nem mesmo você sabe, e se eu perguntasse você se sentiria obrigado a responder, e respondendo daria uma explicação que nem mesmo você sabe qual é. Não há explicação, compreende? Eu também não queria perguntar, pensei que só no silêncio fosse possível construir uma compreensão, mas não é, sei que não é, você também sabe, pelo menos por enquanto, talvez não se tenha ainda atingido o ponto em que o silêncio basta? É preciso encher o vazio de palavras, ainda que seja tudo incompreensão? Só vou perguntar por que você se foi, se sabia que haveria uma distância, e que na distância a gente perde ou esquece tudo aquilo que construiu junto. E esquece sabendo que está esquecendo."

(Caio Fernando Abreu)


"Era sábado à noite, quase verão, pela cidade havia tantos shows e peças teatrais e bares repletos e festas e pré-estréias em sessões de meia-noite e gente se encontrando e motos correndo e tão difícil renunciar a tudo isso para permanecer no apartamento lendo, espiando pela janela a alegria alheia."


(Caio Fernando Abreu)

06 maio, 2011

"... aos amigos, ao amor. Seja do jeito que for, desde que sinceros."

(Caio Fernando Abreu)






"E caminharás devagar pela casa, molhando as plantas e abrindo janelas para que sopre esse vento que deve levar embora memórias e cansaços."

(Caio Fernando Abreu)
"E hoje não. Que não me doa hoje o existir dos outros, que não me doa hoje pensar nessa coisa puída de todos os dias, que não me comovam os olhos alheios e a infinita pobreza dos gestos com que cada um tenta salvar o outro deste barco furado. Que eu mergulhe no roxo deste vazio de amor de hoje e sempre e suporte o sol das cinco horas posteriores, e posteriores, e posteriores ainda. "


(Caio Fernando Abreu)


“Que a gente brigue de ciúmes, porque ciúmes faz parte da paixão, e que faça as pazes rapidamente, porque paz faz parte do amor.”
 
(Tati Bernardi)
“Tenho medo de te perder por falta de atenção ou por excesso dela. Tenho todos os motivos do mundo pra te pedir pra ficar comigo, do meu lado, mas não posso fazer isso, preciso sentir que você também quer estar comigo.”

(Tati Bernardi)